terça-feira, 29 de julho de 2008

De repente
habitava em mim
remota memória.
Nem beijos,
abraços,
despedidas.
Nada.

Gêneses e término se completavam
no momento das Escrituras,
posto que eu,
per omnia,
transitava no pré-mundo.
As asas me doiam.
A coroa me pesava.
Anjo e rei,
fiquei sentado
à direita da escolha.

Eu era tudo (e não era):
Estilete ágil
Flecha rombuda
Pássaro diluviano
Mensageiro do apocalipse
Corda frouxa.

De repente
olhava as estrelas,
e circunspecto, perguntava:
- por que é que elas não caem ?



[Pequeno Evangelho Pessoal - José Maria de Vilar Ferreira]

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